segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

... um pouco de Nietzsche.


O que em geral se consegue com o castigo, em homens e animais, é o acréscimo do medo, a intensificação da prudência, o controle dos desejos; assim o castigo doma o homem, mas não o torna melhor". (Nietzsche)

sábado, 29 de janeiro de 2011

All Star Forever !!!



"Dizem que quanto mais velho, mais gostoso fica. Surrado, customizado, com cadarço de cores diferentes. Cada um tem seu próprio jeito de usar ALL STAR, o tênis que não sai dos pés de muitas gerações. Jovens e adultos, universitários, roqueiros, profissionais liberais e celebridades, o ALL STAR é sucesso em todas as tribos. Não é de hoje que famosos exibem seus pares. Companhia para todas as ocasiões há quem afirme que não consegue viver sem ele." Acho que esse texto dá para resumir o que é um ALL STAR!
Minha filha ha muito tempo trocou os famosos tênis convencionais utilizados para ir a escola por um All Star e esse ano o meu pequeno ( sete anos ) resolveu que não iria mais usar tênis todo preto, quis um All Star. Comprei ... fazer o que ...Se fosse possível plantar um All Star com certeza nasceria varias histórias marcantes vividas pelos seus donos.
Nestas ultimas férias ( Janeiro de 2011), encontrei um que virou vaso para uma planta no jardim em frente a uma praia linda.
Curioso ou não ainda conheci o dono do All Star vermelho de cano alto.Com um grande sorriso veio na minha direção ao perceber que estava fotografando, perguntou se gostava de All Star! Retribui o sorriso e respondi que havia feito parte da minha adolescencia, que era peça principal no meu guarda- roupas na década de 80.
E a conversa continuou com o dono do All Star dizendo que curtiu muito Nirvana, Metálica e Iron Maiden com ele.E que quando seus pais resolveram fazer a Pousada Camping Jubarte na mudança a mãe dele encontrou o tênis, que agora é relíquia no jardim da Pousada.
Como vê o tênis têm muitas histórias legais para serem contadas,lidas e ouvidas...
"Estranho é gostar tanto do seu all star azul." Nando Reis

Irmandade...


"Uma paixão aqui, um quase-amor ali. Ainda bem que existem amigos para amar, abraçar, sorrir, cantar, escrever em recibos e tirar fotos bonitas. E a vida segue. Feliz. Sua imaginação te preenche, seus amigos te dão colo, 'cerveja' e dias incríveis." Marta Medeiros

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A morte dos girassóis.


Foto:by Matheus Meira.


A morte dos girassóis (Caio Fernando Abreu)

"Anoitecia, eu estava no jardim. Passou um vizinho e ficou me olhando,
pálido demais até para o anoitecer. Tanto que cheguei a me virar para
trás, quem sabe alguma coisa além de mim no jardim. Mas havia apenas os
brincos-de-princesa, a enredadeira subindo tenta pelos cordões, rosas
cor-de-rosa, gladíolos desgrenhados. Eu disse oi, ele ficou mais pálido.
Perguntei que-que foi, e ele enfim suspirou: "Me disseram no Bonfim que
você morreu na Quinta-feira." Eu disse ou pensei em dizer ou de tal
forma deveria ter dito que foi como se dissesse: "É verdade, morri sim.
Isso que você está vendo é uma aparição, voltei porque não consigo me
libertar do jardim, vou ficar aqui vagando feito Egum até desabrochar
aquela rosa amarela plantada no dia de Oxum. Quando passar por lá no
Bonfim diz que sim, que morri mesmo,e já faz tempo, lá por agosto do ano
passado. Aproveita e avisa o pessoal que é ótimo aqui do outro lado:
enfim um lugar sem baixo-astral."

Acho que ele foi embora, ainda mais pálido. Ou eu fui, não importa.
Mudando de assunto sem mudar propriamente, tenho aprendido muito com o
jardim. Os girassóis, por exemplo, que vistos assim de fora parecem
flores simples, fáceis, até um pouco brutas.
Pois não são. Girassol leva tempo se preparando, cresce devagar
enfrentando mil inimigos, formigas vorazes, caracóis do mal, ventos
destruidores. Depois de meses, um dia pá! Lá está o botãozinho todo
catita,parece que já vai abrir.

Mas leva tempo, ele também, se produzindo. Eu cuidava, cuidava, e nada.
Viajei por quase um mês no verão, quando voltei, a casa tinha sido
pintada, muro inclusive, e vários girassóis estavam quebrados. Fiquei
uma fera. Gritei com o pintor: "Mas o senhor não sabe que as plantas
sentem dor que nem a gente?" O homem ficou me olhando tão pálido quanto
aquele vizinho.
Não, ele não sabe, entendi. E fui cuidar do que restava, que é sempre o
que se deve fazer.

Porque tem outra coisa: girassol quando abre flor, geralmente despenca.
O talo é frágil demais para a própria flor, compreende? Então,como se
não suportasse a beleza que ele mesmo engendrou, cai por terra,exausto
da própria criação esplêndida. Pois conheço poucas coisas mais
esplêndidas, o adjetivo é esse, do que um girassol aberto.

Alguns amarrei com cordões em estacas, mas havia um tão quebrado que nem
dei muita atenção, parecia não valer a pena. Só apoiei-o numa
espada-de-são-jorge com jeito, e entreguei a Deus. Pois no dia seguinte,
lá estava ele todo meio empinado de novo, tortíssimo, mas dispensando o
apoio da espada. Foi crescendo assim precário, feinho, fragilíssimo.
Quando parecia quase bom, cráu! Veio uma chuva medonha e deitou-se por
terra. Pela manhã estava todo enlameado, mas firme. Aí me veio a idéia:
cortei-o com cuidado e coloquei-o aos pés do Buda chinês de mãos
quebradas que herdei de Vicente Pereira. Estava tão mal que o talo
pendia cheio dos ângulos das fraturas, a flor ficava assim meio de
cabeça baixa e de costas para o Buda.
Não havia como endireitá-lo.

Na manhã seguinte, juro, ele havia feito um giro completo sobre o
próprio eixo e estava com a corola toda aberta, iluminada, voltada
exatamente para o sorriso do Bunda. Os dois pareciam sorrir um para o
outro.Um com o talo torto, outro com as mãos quebradas. Durou pouco,
girassol dura pouco, uns três dias. Então peguei e joguei-o pétala por
pétala, depois o talo e a corola entre as alamandas da sacada, para que
caíssem no canteiro lá embaixo e voltassem a ser pó, húmus misturado à
terra, depois não sei ao certo, voltasse à tona fazendo parte de uma
rosa, palma-de-santa-rita, lírio ou azaléia, vai saber que tramas armam
as raízes lá embaixo no escuro, em segredo.

Ah, pede-se não enviar flores. Pois como eu ia dizendo, depois que
comecei a cuidar do jardim aprendi tanta coisa, uma delas é que não se
deve decretar a morte de um girassol antes do tempo, compreendeu?
Algumas pessoas acho que nunca. Mas não é para essas que escrevo. "

Caio Fernando Abreu.


Conheci o Caio Fernando Abreu através de um artigo escrito pela Lya Luft.Logo me interessei em ler seus textos.Quanto mais lia mais gostava. Com isso resolvi que iria colecionar os que mais tocassem o meu coração.Para quem não o conhece ...
Caio Fernando Loureiro de Abreu nasceu no dia 12 de setembro de 1948, em Santiago (RS). Jovem ainda mudou-se para Porto Alegre onde publicou seus primeiros contos. Cursou Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, depois Artes Dramáticas, mas abandonou ambos para dedicar-se ao trabalho jornalístico no Centro e Sul do país, em revistas como Pop, Nova, Veja e Manchete, foi editor de Leia Livros e colaborou nos jornais Correio do Povo, Zero Hora, O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo. No ano de 1968 — em plena ditadura militar — foi perseguido pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), tendo se refugiado no sítio da escritora e amiga Hilda Hilst, na periferia de Campinas (SP). Considerado um dos principais contistas do Brasil, sua ficção se desenvolveu acima dos convencionalismos de qualquer ordem, evidenciando uma temática própria, juntamente com uma linguagem fora dos padrões normais. Em 1973, querendo deixar tudo para trás, viajou para a Europa. Primeiro andou pela Espanha, transferiu-se para Estocolmo, depois Amsterdã, Londres — onde escreveu Ovelhas Negras — e Paris. Retornou a Porto Alegre em fins de 1974, sem parecer caber mais na rotina do Brasil dos militares: tinha os cabelos pintados de vermelho, usava brincos imensos nas duas orelhas e se vestia com batas de veludo cobertas de pequenos espelhos. Assim andava calmamente pela Rua da Praia, centro nervoso da capital gaúcha. Em 1983 transferiu-se para o Rio de Janeiro e em 1985 passou a residir novamente em São Paulo.

Volta à França em 1994, a convite da Casa dos Escritores Estrangeiros. Lá escreveu Bien Loin de Marienbad. Ao saber-se portador do vírus da AIDS, em setembro de 1994, Caio Fernando Abreu retorna a Porto Alegre, onde volta a viver com seus pais. Põe-se a cuidar de roseiras, encontrando um sentido mais delicado para a vida. Foi internado no Hospital Menino Deus, onde faleceu no dia 25 de fevereiro de 1996.

Bibliografia:

- Inventário do Irremediável, contos. Prêmio Fernando Chinaglia da UBE (União Brasileira de Escritores); Rio Grande do Sul: Movimento, 1970; 2ª ed. Sulina, 1995 (com o título alterado para Inventário do Ir-remediável).

- Limite Branco, romance. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1971; 2ª ed. Salamandra, 1984; São Paulo: 3ª ed., Siciliano, 1992.

- O Ovo Apunhalado, contos. Rio Grande do Sul: Globo, 1975; Rio de Janeiro: 2ª edição, Salamandra, 1984; São Paulo: 3ª edição, Siciliano, 1992.

- Pedras de Calcutá, contos. São Paulo: Alfa-Omega, 1977; 2 ed., Cia. das Letras, 1995.

- Morangos Mofados, contos. São Paulo: Brasiliense, 1982; 9 ed. Cia. das Letras, 1995. Reeditado pela Agir - Rio, 2005.

- Triângulo das Águas, novelas. Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro para melhor livro de contos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983; São Paulo: 2 edição Siciliano, 1993.

- As Frangas, novela infanto-juvenil. Medalha Altamente Recomendável Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil. Rio de Janeiro: Globo, 1988.

- Os Dragões não Conhecem o Paraíso, contos. Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro para melhor livro de contos. São Paulo: Cia. das Letras, 1988.

- A Maldição do Vale Negro, peça teatral. Prêmio Molière de Air France para dramaturgia nacional. Rio Grande do Sul: IEL/RS (Instituto Estadual do Livro), 1988.

- Onde Andará Dulce Veiga?, romance. Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) para romance. São Paulo: Cia. das Letras, 1990.

- Bien Loin de Marienbad, novela. Paris, França Arcane 17, 1994.

- Ovelhas Negras, contos. Rio Grande do Sul: 2 ed. Sulina, 1995.

- Mel & Girassóis (Antologia)

- Estranhos Estrangeiros, contos. São Paulo: Cia. das Letras, 1996.

- Teatro Completo, 1997

Teatro:

- O Homem e a Mancha

- Zona Contaminada

Tradução:

- A Arte da Guerra, de Sun Tzu, 1995 (com Miriam Paglia).

...Momento Clarice Lispector.








"Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão; tranquilidade e inconstância; pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono. Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não valer... Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. Ou toca, ou não toca." Clarice Lispector

Uma casinha lá em Itaoca.

Foto:by Nádia Santos

A casa onde mora a Dona Felicidade, é azul de portas e janelas brancas. Na frente dela um grande girassol amarelo... que dá as boas vindas aos visitantes da moça de sorriso largo e brinco madrepérola.

Itaoca,19 de Janeiro de 2011.

O legal de acampar ...



Hora de dormir ...
Quem dorme com quem.Caio logo foi dizendo que iria ficar comigo.
Já deitados perguntei a ele se estava feliz. Ele respondeu que sim!Conversa vai conversa vem perguntei novamente o que o fazia feliz. Ele com a maior simplicidade respondeu que era ir na casa da Dinda ver o Onill (cachorro Piche dela), ir a praia e quando eu o abraçava.

Marataízes,13 de janeiro de 2011.



quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Eu estou falando de coragem...


" Não tenho tempo para mais nada ser feliz me ocupa muito"
Clarice Lispector

Por essa razão pouco me importei com o que as pessoas acharam de como me vesti para apresentar o PRIMEIRO FESTIVAL DE TALENTOS DA ESCOLA.
Estava vestida de Elza Soares ... Só que para a minha surpresa os amigos alunos me chamavam de Negra Lee ... e ao contrario dos amigos adultos ... elogiaram e acharam muito legal...Ter coragem para se expor realmente não é para qualquer um não...Sambar sem saber sambar. Um dia a gente aprende...

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

... acaba o giz ... tem tijolo de construção...


Grande verdade ... quem nunca desenhou na calçada ou na rua com sobra de giz da escola ou tijolo de construção?
Minha geração fez isso, e como fez.
Aqueles dias de chuva... terríveis para quem tinha o privilégio de uma rua inteirinha só para brincar...
No grupo sempre tinha alguém para acordar cedinho e desenhar na calçada um grande sol.

"Desenho toda a calçada
Acaba o giz tem tijolo de construção
Eu rabisco o sol que a chuva apagou."
Giz (Renato Russo)